Thati vs Gyselle

Gyselle assiste a um enterro enquanto Thati comanda um enterro.

É assim: eu sei que a Thati enche o saco. Demais. Ela enche o meu saco também, com suas cantorias e mensagens que excedem o bom senso de tão efusivas. Mas acho que todo mundo deveria tentar separar as coisas e ver o lado bom da Thati. Diferentemente da Gyselle, ela é uma pessoa que se esforça para pertencer a e unir o grupo. Alguém que sempre tem uma mensagem positiva é irritante, mas te motiva bem mais do que uma Gyselle que sempre se isola e nunca tem uma palavra solidária.

Vejam: acabou o paredão e, enquanto Gyselle e Thati esperam para fazerem suas defesas, Nat, Marcos e Rafinha sentam juntos na piscina. Aí as meninas acabam seus depoimentos e saem da casa também. Thati vai até o pessoal e pergunta "alguém morreu?". Todos estão chateados e ela já sabe que é ela quem vai sair, mas ela pelo menos se esforça para demonstrar algum otimismo e motivar o resto do grupo. Eu considero isto uma forma de liderar. Da forma mais espontânea possível. Outro bom líder espontâneo, ainda que eu deteste ele, foi o Jean. Gyselle por outro lado sai da casa e se isola dos outros fazendo a uma das duas coisas que ela sabe fazer nesta vida: comer. A Gyselle nem tenta fazer um jogo que funcione à base de integração, o que eu acho que é o sentido de um BBB.

O que me deixa puto nessa história? É saber que, num jogo coletivo, vai ganhar alguém que sequer tentou fazer parte de uma coletividade. Se você não quiser falar em estratégia de jogo, eu digo que na minha vida pessoal eu prefiro muito mais uma pessoa que tenta me puxar para cima, não importa a adversidade*, do que alguém que nunca quer fazer parte de nada e senta num canto como se nada neste mundo fosse problema ou preocupação dela. E é engraçado: se você pegar um processo seletivo de uma grande empresa, aquelas dinâmicas de grupo, por exemplo, você nunca vai ver alguém conseguir ser aprovado jogando de forma individual. Não é a individualidade que é valorizada como sucesso. E na sua sala da escola, da faculdade ou em qualquer outro grupo você jamais vai ver com bons olhos aquele que se isola antes mesmo de ser isolado. É um elemento da nossa cultura e do ser humano a convivência em grupo. Ainda assim, é para a Gyselle que o Brasil vai dar este milhão. Não to dizendo que teria que ser necessariamente para a Thati, mas sim que teria que ser para qualquer um naquela casa, exceto Gyselle. Pensar nisto me deprime. É como lembrar que 20% do Estado de São Paulo necessariamente vota no Maluf.



* - É por isto que eu gosto muito da Thati e já faz muito tempo mesmo. Ela é guerreira pra caralho e as pessoas simplesmente fingem que não vêem isto. O positivismo dela é excessivo e irracional? É sim! Mas uma pessoa guerreira não é aquela que continua tentando não importa a adversidade? Então...

De uma forma grosseira, acho que Gyselle é fluoxetina e Thati é terapia. Todo mundo sabe que hoje em dia eu acredito bem mais em terapia.